MENSAGEM DE GOVERNADORA

Fidjus e amigos de Gabu

Como Governadora desta maravilhosa região quero aproveitar esta plataforma para vos comunicar aquilo que são as linhas mestras da minha ação no intuito de continuar a impulsionar o desenvolvimento de Gabu.

Mas, antes de elencar a minha visão prospetiva permitam-me apresentar-vos um panorama sucinto daquilo que é a situação geral do Governo Regional de Gabu quando cá chegamos em Agosto de 2022.

Encontramos as estruturas do Estado completamente desarticuladas, praticamente sem uma cadeia de comando que obedecesse uma hierarquia governativa.

Por exemplo, constatamos que os principais elementos que garantem um normal funcionamento do Governo Regional, nomeadamente Governador, Secretario Regional, Contabilista desempenham as suas atividades sem coadjuvantes.

Ou seja, cada um desses responsáveis funcionava como se fosse elemento único o que acaba por sobrecarregar a pessoa e consequentemente impactar negativamente a sua produtividade.

Paradoxalmente, também notamos que o Governo Regional de Gabu é confrontado com a situação de pessoas que prestam algum tipo de serviço na Administração Regional, mas sem que tivessem qualquer vínculo legal com o Estado.

São pessoas que recebem subsídios pagos a partir de cobranças de taxas aos comerciantes e poucos empreendedores na Região, dinheiro que acaba por ser deslocado daquilo que são as tarefas essenciais e inadiáveis tais como o saneamento básico e reparação pontual de infraestruturas como o mercado, as escolas e vias de acesso.

A realidade de Gabu é complexa, mas apaixonante.

Acreditamos ser possível uma mudança do paradigma encontrada daí que começamos a trabalhar na delineação de uma estratégia que passa por Plano de Desenvolvimento Regional (PDR) elaborado a partir de uma auscultação das forças vivas da Região.

O PDR ainda não está aprovado e nem tem um orçamento, mas é um guião que nos dará uma orientação sobre que caminhos a seguir e que projetos de desenvolvimento a executar ao encontro da vontade dos Fidjus e amigos de Gabu.

Mesmo sem a aprovação do PDR encetamos contactos junto dos parceiros tradicionais da Guiné-Bissau e ainda com as entidades internacionais, nomeadamente as Câmaras de outros países amigos.

O PDR não está em marcha sim, mas o Governo Regional de Gabu tem vindo a apoiar, com os parcos recursos que consegue juntar, o funcionamento e a melhoria de serviços como Hospital Regional de Gabu e visitas às escolas.

Falando das escolas, é com muita tristeza que a Governadora tem constatado uma fraca afluência de alunos nas e sobretudo das raparigas, situações potenciadas pela persistência de fenómenos degradantes como o casamento precoce, trabalho doméstico e outras praticas condenáveis.

É nesta perspetiva, que o Governo Regional de Gabu decidiu lançar a iniciativa “Igualdade do Género e de acesso das meninas à Educação” na Região de Gabu, envolvendo nove (9) sessões de Djumbai nas comunidades.

O mote principal desses Djumbais, animados pela própria Governadora, é de consciencializar os pais para que permitir as crianças, adolescentes e jovens do sexo feminino frequentar a escola, deixando de lado a ideia enraizada de que a escola é só para os rapazes.

No setor da Saúde, verificamos que Gabu continua a ter uma alta taxa de mortalidade infantil – as mulheres em gestação não comparecem às consultas pré-natais -, o Hospital Regional não tem capacidade para atender à demanda da população e funciona com um reduzido número de técnicos.

Para minimizar esta situação temos contado com o prestimoso apoio da equipa médica da ONGD de Portugal “Saúde Sabi Tene” que regularmente efetua consultas e intervenções cirúrgicas em Gabu.

Com os recursos mobilizados a nível da região, vamos, até final do ano, encetar medidas corretivas para melhorar o funcionamento do Hospital de Gabu.

Nenhuma comunidade por mais pequena que seja pode conhecer o desenvolvimento sem a energia.

Gabu não foge à regra.

Desde a nossa chegada, concentramos esforços consideráveis na mobilização das vontades para garantir um normal funcionamento da Central Elétrica de Gabu de modo a fornecer eletricidade à população.

Contudo, a nossa ambição esbarra quando grande parte dos consumidores se recusa a pagar de forma regular a eletricidade de que se beneficia.

As mulheres não podem ficar para trás em qualquer processo de desenvolvimento. Em Gabu também é assim.

Nos próximos tempos, vamos realizar visitas aos campos de produção agrícola das mulheres, nomeadamente às bolanhas e hortas de cultivo de legumes, financiadas pelo projeto de diversificação agrícola de mercados integrados, no âmbito da FIDA (Fundo internacional para o Desenvolvimento Agrícola).

Como se pode ver projetos e ideias não faltam ao Governo Regional de Gabu que tenho a honra de liderar, mas sem recursos humanos e financeiros todo o nosso sonho não sairá do papel.

É neste âmbito, que gostaríamos de lançar, mais uma vez, um vibrante apelo aos Fidjus e amigos de Gabu para que nos apoiem na materialização deste sonho que é de transformar as mentalidades, mudar a fisionomia de Gabu e colocar em evidencia as muitas e variadas potencialidades económicas, turísticas, agrícolas e humanas que Gabu tem.

Para dar a conhecer ao mundo todas estas e outras potencialidades de Gabu, decidimos lançar este website e a nossa página Facebook para proporcionar um fluxo regular de interação entre o Governo Regional e a população e vice-versa.

Através deste canal, qualquer Fidju ou amigo de Gabu sabe que pode interpelar os elementos que integram o Governo Regional sobre qualquer assunto que possa concorrer para o desenvolvimento da nossa região.

Como mulher de sonhos, tenho a certeza de que os Fidjus e amigos de Gabu não me vão deixar só neste sonho!

Muito obrigado